21 junho 2016

Lisboa reduziu 50% das emissões de CO2, entre 2002 e 2014.

Foto: Carla Rosado

“Não estou contente porque quero mais”. Foi desta forma que o vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes, reagiu aos resultados alcançados com as medidas de redução do consumo de energia em Lisboa.Tendo como ano de referência 2002, a cidade conseguiu reduzir 50% das emissões de dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa. O objectivo era 20% para 2020. Para o autarca, a cidade pode ir mais longe e “não é por ilusionismo, é porque é possível”, afirmou nesta quarta-feira, durante a apresentação da matriz energética da capital.

No Pacto de Autarcas, assinado por Lisboa em 2009, a cidade comprometia-se a reduzir, até 2020, 20% das emissões de CO2, através da redução do consumo de energias fósseis e do aumento da produção de energia renovável. Objectivo cumprido. Concretamente, no que diz respeito ao consumo de electricidade, a redução acabou também por ser superior à meta prevista no Plano de Acção para pôr em prática o Pacto. A cidade teria de consumir menos 780 quilotoneladas, entre 2002 e 2020, mas atingiu as 864 kton entre 2002 e 2014.

Numa comparação nacional, Miguel Águas apontou que o consumo anual de energia per capita no concelho de Lisboa é menos 7% da média nacional. O director técnico-financeiro da Lisboa E-Nova, a agência municipal de energia e ambiente, salientou que os efeitos se fazem notar porque o número de habitantes de Lisboa é “significativamente inferior“ ao número de pessoas que circulam durante o dia na cidade. Para estes resultado conta também o reduzido peso dos sectores primário e secundário em Lisboa e que são grandes emissores de gases com efeito de estufa.

Quanto aos consumos das estruturas da própria Câmara Municipal, registou-se uma redução do consumo de electricidade de 23%, entre 2008 e 2015, havendo uma diminuição de cerca de 11% face ao consumo em 2014. Também o consumo de gasóleo na frota da autarquia teve uma diminuição de 37%, entre 2008 e 2015. “Esta percentagem deu-nos o sinal que é possível mudar e atingir os objectivos de 2020, mesmo que um dos indicadores tenha sido a perda de vários postos de venda de combustíveis em Lisboa”, afirmou Sá Fernandes.

Os edifícios são outra das prioridades na redução das emissões de CO2 do município. Para isso, a aposta faz-se através da certificação energética, que permitirá fazer a “avaliação energética do prédio, para se fazer a estimativa de consumo, permitindo depois lançar medidas de melhoria”, explicou Carlos Leonor, técnico da câmara. “No fundo, é como o cartão de cidadão dos edifícios em termos energéticos: Sabemos o nome, a idade, mas estamos a reduzir a energia para ficarmos com uma foto melhor”, comparou Sá Fernandes. “Por exemplo, neste edifício [Paços do Concelho] sabemos que é só preciso mudar as lâmpadas” para se conseguirem melhorias, acrescentou o vereador.

Entre as medidas que estão a ser implementadas, o vereador salientou a iluminação pública, a converter para LED e que se acende apenas quando alguém passa, ou o investimento nas Smart Cities, que permitem detectar os maiores consumos na cidade. “No fundo, é para saber onde devemos actuar, para saber onde devemos gastar e onde é que não devíamos gastar tanto”.

Também o aumento do número de viaturas eléctricas e com sistema inteligente de carregamento eléctrico é um objectivo para a autarquia. “Outro factor importante são os transportes públicos e a mobilidade suave, nomeadamente a utilização das bicicletas”, afirmou o autarca, apontando também como meta a redução de tráfego na cidade.

Relativamente à sensibilização dos lisboetas para a redução do consumo energético, Sá Fernandes confessa que há ainda trabalho a fazer.

O uso eficiente da água foi outros dos temas focados, tendo-se concluído que houve uma redução de 30% do consumo entre Janeiro de 2014 e 2016. Foram avaliados 16 locais em Lisboa, como o Cemitério dos Prazeres ou o Jardim da Estrela, pois estes espaços representam 80% do consumo total de água na cidade, tendo-se procurado medidas de optimização para reduzir os gastos.


Fonte: Teresa Serafim, Público edição online (14/06/5016

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