18 julho 2016

Um quarto da riqueza de Portugal está nas mãos de 1% da população


Afinal, o peso da fortuna dos mais ricos ainda é maior do que se julgava, conclui um estudo publicado esta semana no site do Banco Central Europeu. No caso português, um quarto da riqueza está nas mãos de 1% da população.

Philip Vermeulen, um economista da autoridade monetária europeia, decidiu verificar se os dados da distribuição da riqueza publicados nos Estados Unidos e em diversos países da zona euro com base na realização de inquéritos às famílias nos davam uma imagem próxima da realidade. Em particular, o autor quis tentar perceber se os resultados apresentados eram afectados pelo fenómeno, já verificado em outras ocasiões, de não resposta ou resposta subavaliada por parte dos inquiridos com maiores rendimentos. E concluiu que sim.

Na resposta a inquéritos sobre a fortuna e os activos acumulados, as famílias pertencentes aos escalões mais elevados de rendimento, tendem a omitir de forma mais significativa os dados reais. E, por isso, a conclusão é simples: o peso da fortuna dos 1% e dos 5% da população mais ricos é afinal mais elevada do que se supunha.


Nos países da zona euro, embora a concentração da riqueza seja menor, a verdade é que a subavaliação registada nos inquéritos ainda é maior. Na Alemanha, os dados do inquérito apontam para uma concentração de 24% da riqueza global nas mãos dos 1% mais ricos, mas o estudo de Vermeulen sugere que esse valor pode chegar aos 33%. Outros países com diferenças substanciais entre os dados dos inquéritos e a análise do estudo são a Itália, que passa de 14% para 21% e a Holanda, que sobe de 9% para 17%.

Em Portugal, para o qual o Instituto Nacional de Estatística não publica o peso dos rendimentos e da riqueza dos 1% mais ricos, é interessante verificar que o inquérito realizado pelo BCE calcula que esta parte da população detém 21% da riqueza total. O estudo agora publicado que o número mais próximo da realidade poderá estar situado entre 25% e 26%. No que diz respeito aos 5% mais ricos – que nos EUA detém perto de 60% da riqueza – Portugal regista nos inquéritos 41%, que sobe na análise de Philip Vermeulen para um valor entre 44% e 45%.

Entre os nove países da zona euro analisados, Portugal é o terceiro país com uma maior concentração da riqueza, apenas atrás das Áustria e da Alemanha.



Fonte: Sérgio Aníbal in Público online (17/07/2014)

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